quarta-feira, 22 de abril de 2009

VOLUNTÁRIAS

GRUPO DE VOLUNTÁRIAS DE FRENTE PARA A VIDA – UM EXEMPLO A SER SEGUIDO!...

Exupery em seu famoso e super lido livro O PEQUENO PRINCIPE disse com propriedade que NÃO SE VÊ BEM COM OS OLHOS. SÓ SE VÊ BEM COM O CORAÇÃO. A frase é bastante batida e repisada mas vale ser citada por seu conteúdo filosófico e humanitário.
E aqui em Alvinópolis, temos um Grupo de Voluntárias que merece ser citado e comentado. NÃO VOU CITAR O NOME DE NINGUÉM PORQUE ELAS SÃO BASTANTE CONHECIDAS PELO TRABALHO QUE FIZERAM, ESTÃO FAZENDO E FARÃO.
O CORAÇÃO DELAS É DO TAMANHO DE UM TREM, E BATE EM UNÍSSONO. TRABALHAM EM CONJUNTO SEM O INTUITO DE APARECER E NINGUÉM MANDA EM NINGUÉM.
O Grupo começou em uma pequena loja na casa do saudoso Sr. Niquinho, com uma pechincha (loja que vende roupas e objetos usados) e com essa pequena renda passaram a burilar o Asilo São Vicente de Paula, conseguindo transformá-lo no que é hoje (praticamente um hotel cinco estrelas)
Os internos recebem alimentação de primeira, moram em quartos que dão inveja a muitas pessoas que pensam morar bem, são bem tratados e bem cuidados, recebem amor e carinho, muitas visitas. Enfim têm uma vida de primeiro mundo.
No asilo existe uma área para descanso e lazer dos internos, lavanderia, pátio e conforto para dar e vender.
Tudo isso com a ajuda da Comunidade de Alvinópolis que confia no Grupo e sabem que sua ajuda chegará no lugar certo, na hora exata, sem nenhum desvio. São pessoas de confiança, que inspiram confiança.
Campanha do Grupo de frente para a vida é sucesso garantido!.
Como confiança não se compra, adquire-se pelo modus vivendi, pelo exemplo, pela conduta, o povo investe na campanha e no Grupo.
Até prêmio do Banco Real – TALENTOS DA MATURIDADE – o Grupo ganhou. E tome Televisão, Revista Caras, Jornais e divulgação do trabalho.
Êta Grupo do Barulho.
Se vocês quiserem ver um dos resultados do trabalho Visitem o Asilo e os internos. Inclusive na hora do almoço. Vejam a qualidade estampada na alegria dos internos e na qualidade da alimentação. Vejam as instalações do Asilo, que conta ainda com dispensário.
O Grupo ainda faz pequenas reformas em casas de pessoas mais desprovidas de recurso.
Agora passaram para ajudar o Hospital Nossa Senhora de Lourdes fazendo uma campanha de toalhas que já pode se dizer que é um sucesso.
E podem esperar muito mais desse Grupo de pessoas altruístas, que pensam nos outros e contam com a ajuda da população de Alvinópolis e até de gente que mora fora daqui.
Elas trabalham alegres e felizes, sem esperar nada em troca e o reconhecimento de ninguém. Trabalham pelo prazer de fazer os outros felizes e com isto serem felizes também. O prazer que têm é saber que cumprem o dever de cidadãs cônscias de suas cidadanias. E VIVAM ELAS. QUE OUTRAS PESSOAS SIGAM SEUS EXEMPLOS E AJUDEM MAIS SEUS SEMELHANTES. AMAR AO PRÓXIMO É AMAR A DEUS.
QUEM VIVE DE FRENTE PARA A VIDA, VIVE EM PAZ COM DEUS, CONSIGO MESMO E COM SEUS SEMELHANTES.
A POPULAÇÃO DE ALVINÓPOLIS, OS INTERNOS, O HOSPITAL, AGRADECE.
E TENHAM CERTEZA VOCÊS SÃO OS ÍCONES DE UM TRABALHO PROFÍCUO.
LABOR OMNIA VINCIT IMPROBUS.
PARABENS MUSAS DO BEM. EXEMPLO DE TRABALHO. EXEMPLO DE VERDADEIRA CIDADANIA.

JUSTIÇA!...

JUSTIÇA – UMA ILUSÃO OU ELDORADO!...

Quando tinha os meus 18 anos, sonhava em ser advogado, ajudar fazer a verdadeira, justiça, defender os inocentes, fracos e oprimidos...
Depois de trancos e barrancos, de tomar cacetadas daqui e dali, aprendi que a justiça é uma coisa abstrata, afeita aos homens, nem sempre de bem e que procuram mais castigar os pobres do que os ricos.
Agora, quase com 40 anos de advogado, vários anos como delegado da OABMG, muitas decepções, mágoas, tristezas, mal tratos e falta de respeito por parte de Juízes, promotores, funcionários e as polícias civis e militares (são as piores) tenho uma visão maniqueísta da coisa e posso dizer de cadeira que Justiça foi feita para ladrão de galinha, pobres e favelados.
Os exemplos estão aí para quem quiser ver nos jornais e na televisão e em toda mídia.
ALVINÓPOLIS, pobre coitada, pode-se dizer que não tem justiça funcionando a pleno vapor: Juiz de João Monlevade e que vem aqui uma vez por Semana o mesmo acontecendo com o promotor de Justiça, Só que ele vem de Ponte Nova. Não têm condições de satisfazer a comarca com 4.000 processos. Os advogados e as partes que se danem. Eles, Juiz e Promotor ainda fazem muito atendendo com educação e urbanidade e trabalhando acima de suas forças.
Prefeito não tem nenhum interesse em trazer Juiz e Promotor fixo, pois assim podem fazer o que quiser – até soltar presos.
Pela mitologia a Justiça é representada por uma virgem descalça, de olhos vendados, linda, com uma espada de corte reto em uma mão e uma balança na outra.
Mas na realidade a Justiça enxerga muito bem, castiga quem quer, sua espada tem o corte deturpado pelas classes sociais e sua balança precisa passar pelo INMETRO O MAIS URGENTE POSSÍVEL.
VOCÊS JÁ VIRAM NA REGIÃO UM RICO PARAR NA CADEIA?...
- Mas já viu 25 presos confinados em verdadeiros depósitos serem queimados enquanto o carcereiro estava em casa com a chave. Tenho certeza que se não viram ao menos souberam.
Nós advogados, preocupados apenas em furar os olhos uns dos outros fazemos ouvido de mercador e fingimos que tudo está bem.
Quem quiser conhecer o que é a Justiça desde a antiguidade leiam o POEMA CONDOREIRO DE CASTRO ALVES - N A V I O N E G R E I R O...
E SE QUEREM SUAVIZR UM POUCO DESTAS DURAS PALAVRAS POR MIM DITAS LEMBREM-SE QUE CALAMANDREI DISSE QUE “Na balança da justiça uma rosa pesa muito mais que o mais grosso tratado de direito”.
Concluindo, pelo menos aqui no Brasil e em Alvinópolis a Justiça é um Eldorado a ser alcançado onde partes, advogados, clientes, réus e vítimas serão bem tratados – ou pelo menos maltratados de igual para igual.
E onde os Juízes e Promotores devem ter a convicção que são eles os responsáveis pela execução humana das penas e dos presos.
É merecido que ganhem bem, até o dobro. Mas façam por merecer esses proventos retirados do povo que a maioria julga tão mal.
POR ENQUANTO FICO COM A MÁXIMA QUE A JUSTIÇA NÃO PASSA DE UMA ILUSÃO, POIS ADVOGADO NÃO TEM DIREITO A LICENÇA MÉDICA, É ESCRAVISADO PELO SISCON, TRABALHA 80 % de graça e é O BUFÃO E O PUXA-SACO DA JUSTIÇA. É igual a Hiena que é muito mas não sabe de que e porque.

JUSTIÇA!..... WHAT IS THIS? QUEM ME EXPLICAR GANHA UM DOCE...
QUOUSQUE TANDEM ABUTERE PATIENTIA NOSTRA?

MISSA DAS DEZ NOS ANOS DOURADOS

CONTO COLOCADO EM 2º LUGAR NA ANTOLOGIA “ De um Berço Estranho nascem contos e poemas” – CATEGORIA PROSA.
GUSTAVO JOVELINO CORRÊA NETO – PRETENSO AUTOR – PRÊMIO JOSÉ AFRÂNIO MOREIRA DUARTE.
COMENTÃRIOS DE ANA TEREZINHA FRANCA DRUMOND MACHADO.
“No segundo conto – Missa das Dez nos Anos Dourados -, GUSTAVO JOVELINO CORRÊA NETO aflora lembranças de situações de sua época e , a partir delas, cria uma crônica, ora com um doce tom jocoso, ora com colocações saudosistas e retrata o cotidiano de sua cidade com salpicos de mineiridade quando diz: A roupa era caprichada! Era a famosa roupa de ver Deus! As garotas com os cabelos que mais pareciam caixa de marimbondos, amparados pelo laquê, de perfume delicioso, os melhores vestidos, , os melhores sapatos, missal, terço e véu – ficavam ainda mais inatingíveis”.

MISSA DAS DEZ NOS ANOS DOURADOS – 1960
CONTRASTE – AMOR E REVOLUÇÃO.

Autor - GUSTAVO JOVELINO CORREA NETO 2.006

Tinha eu 16 anos , quase início de uma adolescência feliz, cheia de novidades, de namoradas bonitas. Eu me reporto a essa época e passo a vivê-la como se fosse hoje. As lembranças surgem aos borbotões – lembranças essas quase todas só boas. O primeiro flerte, o primeiro amor, as primeiras sextas-feiras, onde mais se namorava do que rezava, o mês de maio, onde as meninas transmudavam-se em anjos, o que já eram na vida real.
Mas o que mais me marcou foi a missa das dez, que acontecia aos domingos.Era um verdadeiro acontecimento social e de fé. As moças. As mulheres, as garotas, os homens e nós os pretensos bonitões, com os cabelos cheios de “Gumex” e topetes do tamanho da pirâmide de Queops.
A roupa era caprichada – era a roupa de ver Deus. Os cabelos das garotas eram “sui generis” e eram uma ode ao espírito divino. Com um delicioso cheiro de laquê que armavam os cabelos ao gosto das meninas. Nem se fale nos vestidos, nos véus, nos missais que as tornavam ainda mais chegadas ao céu do que à terra e ainda mais inatingíveis.
Os rapazes que calça quinada, camisa bem passada e engomada e o indefectível paletó que não eram dispensados na missa das dez, em respeito ao criador. Isso sem se levar em conta a vontade de chamar a atenção das garotas, todas lindas, bem arrumadas e penteadas à moda.
Na época, padre celebrante era o inesquecível Mons. Rafael, que além de amar Alvinópolis, amava a juventude e o sacerdócio. As suas pregações tinham um conteúdo evangélico – econômico – satírico, que provocava riso e prendia a atenção de todo mundo.
É necessário explicar que a missa das 10 tinha um ritual e um carisma ímpar. Era precedida pelas 10 badaladas do relógio da matriz. Logo após, de dentro da igreja, o sacristão, através de uma corda repicava insistentemente os sinos anunciando que a missa ia começar.
Quase sempre a igreja estava lotada de jovens engomados, perfumados e de olho em suas queridas amadas. Naquele tempo namorava-se mais com os olhos do que com as mãos. Beijos, mais ou menos só depois de 5 anos de namora. Pegar na mão era um suplício e um crime grave. Só no escurinho do cinema, As meninas não entravam em bar.
Mesmo assim foi uma época áurea que nunca mais voltara!... “Ai que saudades que eu tenho da aurora da minha vida. Eu era feliz e não sabia !...”
Após essas divagações necessárias, voltemos à missa: o padre ficava de costas para os fiéis, a língua empregada era o latim, A última flor do Lácio inculta bela, mas mesmo assim todo mundo participava.com fé, amor, com um olho em Deus e outro nas garotas.
Chegava o epílogo da missa – Ite missa est. Deo Grácias!
A era chegado o momento de a rapaziada ficar no adro da igreja, vendo o desfile dos “brotinhos” (era assim que se chamava as gatas da época). E elas caprichavam. Feminilidade não faltava. Discrição mas sem deixar de lado certa malícia. Olhares dirigidos aos futuros candidados. As meninas iam na frente e os rapazes iam atrás embasbacados de tanto amor prá dar e a dificuldade de ao menos dirigir uma palavra à candidata..
Era hora de parar no Grupo de Cima, que servia de Colégio, para a reunião do Grêmio (que depois passou a União dos Estudantes Secundários de Alvinópolis) e quando se discutiam assuntos de interesse estudantil, polêmicas sobre o português e onde se discutiam os interesses da classe estudantil, debatiam-se temas pré definidos. O Sr. José Rodrigues Júnior, o saudoso Zizi, pessoa que faz falta em Alvinópolis até hoje, dava o show, ao apartear oradores e apontar os erros de português que cometiam. Nisto ele era implacável – E INESQUECÍVEL...
Após os debates e esgotado o temário da reunião, era o momento de se distribuir “O MARRETA” JORNAL LITERÁRIO DO GRÈMILO LÍTERO ESPORTIVO PROFESSOR POLICARPO MOREIRA, satírico e informativo da vida estudantil de Alvinópolis. Nele havia artigos escritos pelos intelectuais da época, Ozanan, Rafael, Modestino, Zizi e muitos outros e colunas de fofoca sadia estudantil, coisas que chateiam, coisas que agradam, e, ainda, as “má – notas” que os estudantes de Alvinópolis davam fora e dentro da cidade.
Encerrava-se a parte sacro-cultural e partia-se para a parte profana: horas dançantes no Industrial, onde se podia se pegar nas mãos das belas pretendidas, dançar de rosto e corpo colado sem nenhuma censura de ninguém (até hoje não entendo o porquê dessa permissividade). E tudo isso ao som do toca disco do Albino da Acar e o João Cirino: Perfume de Gardênia de Bienvenido Gandra, Oracion Caribe. OH! CAROL, DIANA, ONLY YOU. Também na moda estava o Elvys Presley, Neil Sedaka, Os Beatles, Ray Charles, Jim Morrissom, Nat King Cole. Paul Anka, Etc. A década de 60 foi uma da mais alvissareiras em músicas, canções e cantores.
A musica POP explodia em criatividade. O clímax era atingido quando se tocava a canção El Reloj, que fazia muitos rapazes, por um motivo ou outro, verter lágrimas de amor ou de saudade de algum ente querido.
Às Vezes, antes da hora-dançante, os rapazes tomavam um gole no Bar do Nilo para se encorajar, pois quem tinha de tirar a garota para dançar era ele. E tomar um “peru” era o fim do mundo.
Essas reminiscências servem para mostrar a juventude atual como foi uma pequena partícula de nossas vidas.
Nada mais que hoje. Nada mais que ontem. Só a ousadia e a liberdade é que imperam
Havia ainda à noite, três salas de cinema, horas dançantes noturnas e os namoros dentro do cinema. ESSA FOI PARTE DE NOSSA VIDA!
Como vocês puderam depreender, nossa adolescência foi muito sadia, sem deixar de incluir o amor, que é a mola mestra do mundo!

RASCISMO

RACISMO, DISCRIMINAÇÃO, TUDO ISTO

ESTE DEVERIA SER O HINO NACIONAL BRASILEIRO!...

Numa crônica já publicada citei o Navio Negreiro de Castro Alves como símbolo do racismo, da injustiça, da discriminação e do sofrimento de uma raça, que é a raça de todos os brasileiros.
Algumas pessoas ficam dizendo o tempo todo que existem elites privilegiadas no Brasil.
Deveriam antes ler essa verdadeira pérola do condoreirismo, QUE AINDA ESTÁ ATUAL – E COMO!... – REFLETIR QUE TODOS OS BRASILEIROS, - QUASE TODOS – SÃO DESCENDENTES DE AFRICANOS E MERECEM TRATAMENTO IGUAL DE TODA A SOCIEDADE.
Com a fala do poeta nada mais há a acrescentar!
O que teria a dizer eu, simples escriba que tenta arrastar-se entre uma palavra e outra.
Leiam Castro Alves e reflitam porque o povo brasileiro é tão sofrido. Apesar de parecer alegre. Tenham os baianos como exemplo. E o carnaval como um grito de quem muito sofreu. Quatro dias de folia é pouco. Devíamos pelo menos festejar três meses.


Navio Negreiro
Castro Alves

'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.
'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...
'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...
'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...
Donde vem? onde vai? Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.
Bem feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!
Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!
Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!
Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...
..........................................................
Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!
Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.

II

Que importa do nauta o berço,
Donde é filho, qual seu lar?
Ama a cadência do verso
Que lhe ensina o velho mar!
Cantai! que a morte é divina!
Resvala o brigue à bolina
Como golfinho veloz.
Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
As vagas que deixa após.
Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de langor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor!
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
— Terra de amor e traição,
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos de Tasso,
Junto às lavas do vulcão!
O Inglês — marinheiro frio,
Que ao nascer no mar se achou,
(Porque a Inglaterra é um navio,
Que Deus na Mancha ancorou),
Rijo entoa pátrias glórias,
Lembrando, orgulhoso, histórias
De Nelson e de Aboukir.. .
O Francês — predestinado —
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir!
Os marinheiros Helenos,
Que a vaga jônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que Fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu ...
Nautas de todas as plagas,
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu! ...

III

Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!

IV

Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."
E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...

V

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!
Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...
São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . .
São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael.
Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus ...
... Adeus, ó choça do monte,
... Adeus, palmeiras da fonte!...
... Adeus, amores... adeus!...
Depois, o areal extenso...
Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p'ra não mais s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer.
Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...
Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!...
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! ...

VI

Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...
Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!

terça-feira, 21 de abril de 2009

UM NOVO HORIZONTE SE ABRE


Nova página sem nenhuma pretensão cultural. O que se pretende é o retrato da realidade. É um flash da vida (que vida meu Deus).
Tentei me aventurar pelo campo da literatura, da crônica e o que encontrei foi uma "ciumeira" danada. Uma má vontade de dar gosto. Cada um queria aparecer mais que o outro e tentar destruir o trabalho que se fazia.
Fui malhado, apedrejado e por fim deletado com um conselho "lúgubre" - Vá comer grama pela raiz... Sabiam que eu estava com um mal grave (HAP)  e tentaram até me recomendar o inevitável.
Resolvi escrever neste blog coisas sem maiores compromissos literários. O meu dia-a-dia e de meus amigos e deixar a erudição para os eruditos.
Com isto espero ter um lugar onde possa escrever. Um espaço meu, nosso.
Um oásis num mundo de guerra literária onde falsos literatos disputam um lugar ao sol (ou será no inferno). PAZ PARA MIM! FELICIDADES PARA ELES...